Dia de Sensibilização da Prematuridade

Quando o pessoal do hospital entrou em contato comigo eu nem acreditei! Conversamos muito sobre como poderíamos fazer as fotos e quais os cuidados que uma UTI exigiria. E, para meu espanto e felicidade, pude ver que os cuidados que temos no nosso estúdio são muito parecidos com a UTI. Mas ainda havia uma dúvida que pairava sobre minha cabeça: ‘’Como vou fotografar e fazer poses com bebês entubados, com respirador, com acessos e monitoramento?’’. ‘’Será que vou resistir ao ver esses pequenos tão frágeis e histórias tão fortes?’’. Antes de iniciarmos, fotografamos 3 bebês para testar a logística e meu emocional em um dia. Depois, fotografamos o restante dos pequenos pacientes em outro dia. Confesso que esperava uma sala enorme com vários bebês chorando e sendo picados a todo tempo. Minha imaginação é fértil, mas graças a Deus que não foi assim. São salas pintadas de uma cor pêssego, com várias ‘‘baias’’ separadas por cortinas, onde cada mamãe tem uma poltrona confortável e seu bebê fica na incubadora, sendo monitorado pelos anjos chamados enfermeiras e médicos e por equipamentos que apitam tipo seriado americano.

Fotografei 18 pequenos fofinhos que, logo ao nascer, precisaram de cirurgia ou cuidados muito especiais. O Hospital é o único em Santa Catarina que faz cirurgias cardíacas pelo SUS em bebês recém-nascidos. Gente do Brasil todo é atendido lá, principalmente os que não tem condições financeiras.

Acho que nunca lavei tanto a mão, porque eu lavava as mãos a cada bebê e colocava luvas de látex e roupa especial para os bebês em casos mais graves. Minha máquina também foi higienizada várias vezes e tudo o que encostamos também. Levei meu Lulla-vibe (equipamento que vibra para acalmar bebês), meu shusher (equipamento que imita o ruído intra-uterino), alguns wraps super higienizados (tecidos para enrolar bebês) e toucas, laços, etc…Um por bebê para não haver risco de contaminação entre os bebês.

Foi engraçado ver as enfermeiras olharem atentamente a forma como eu acalmava os bebezinhos: o ‘’tremer’’ das mãos, o enrolar… As mamães se emocionavam e olhavam para seus bebês de outra maneira, talvez, por um tempo, puderam esquecer a dor.

Realmente foi uma experiência incrível e a enfermeira comentou depois que as fotos mudaram o clima da UTI, pensa na minha felicidade! Sobre posicionar os bebês, contei com a ajuda do meu marido que é meu assistente e da querida enfermeira chefe Vanessa. Ela me orientava a situação de cada bebê, que era muito variável. Alguns eu podia colocar de bruços e, alguns somente conseguia fazer fotos de detalhes das mãos, pés, deitadinho, ou no colinho dos pais, afastando um pouco os tubos. Cada caso era um caso mas sabe o que eu realmente senti? Que era como se eu estivesse fotografando um bebê do estúdio. Sempre lido com muita delicadeza mas esses bebês só precisaram mais um pouquinho de delicadeza e criatividade! Ah! E como eu tive que ser criativa em meio a poucas possibilidades e pouco tempo para executar as fotos: média de 15 min. por bebê.

Pode parecer piegas, mas nós fotógrafos temos o poder de ajudar as famílias a registrar o amor e, de alguma forma, materializar isso. Parabéns a todos os profissionais que materializam o amor. Que profissão linda a nossa! Muito obrigada.

  • Fotografia: Fernanda Luz
  • Assistência: Enfermeira Vanessa Goulart
  • Iluminação e assistência: Renan Inácio.
  • Apoio: Max Schwoelk
  • Vídeo: Equipe de Comunicação Hospital Infantil Dr.Jeser Amarante Faria (Maria Luiza dos Santos)
  • Projeto: Thiago Boeing